quarta-feira, 17 de julho de 2013

Celulose leva o plantio de eucalipto para interior

  

Na esteira do mapa de expansão da indústria de celulose, o plantio de pinus e sobretudo de eucalipto está avançando para o interior do Brasil e ganhando terreno nas regiões Centro-Oeste e Norte. Em poucos anos, Mato Grosso do Sul deve encostar em produtores tradicionais, como Bahia e São Paulo. Tocantins e Maranhão, que ainda não aparecem entre os Estados com maior área plantada, prometem subir algumas posições no ranking, à medida que novas fábricas entrem em operação.

Foi sobretudo a disponibilidade de terras nessas regiões que atraiu grandes grupos, desde produtores tradicionais, como Suzano Papel e Celulose, a novos investidores, entre eles a J&F Investimentos, da JBS, e o grupo GMR, da Braxcel. E o eucalipto, matéria-prima para a produção de celulose de fibra curta, subiu o Brasil e seguiu a rota de outros insumos agrícolas, que encontraram uma nova fronteira no chamado Mapito (Maranhão, Piauí, Tocantins).

De acordo com o diretor-executivo da Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (Abraf), Luiz Cornacchioni, o Mato Grosso do Sul é destaque de crescimento já há alguns anos. Em 2012, a taxa de expansão chegou a 25%, para 597,1 mil hectares de plantio - considerando-se eucalipto e pinus, que respondia por menos de 10 mil hectares. "Há plantio em 16 Estados, mas Mato Grosso do Sul é o que mais cresce", observou. "Tocantins também avançou nos últimos quatro anos", completou.

Em Mato Grosso do Sul, o quarto colocado em área plantada de eucalipto e o sexto no ranking que considera também o plantio de pinus, há hoje duas fábricas de celulose em operação, da Fibria e da Eldorado Brasil Celulose. No futuro, ambas as companhias pretendem ampliar a produção, o que exigirá ainda mais florestas plantadas.

Em Tocantins, o 11º Estado no ranking geral, a Braxcel planeja instalar sua primeira unidade fabril, com operação prevista para o fim da década. E, no Maranhão, 9º colocado e onde já havia alguma atividade florestal, a Suzano Papel e Celulose se prepara para inaugurar uma fábrica em novembro. Cada unidade dessas, com capacidade para 1,5 milhão de toneladas por ano, exige mais de 100 mil hectares plantados de eucalipto. Portanto, é natural que a indústria se mova para regiões onde há terra disponível para o plantio.

Em Minas Gerais, líder em área plantada de eucalipto com quase 1,5 milhão de hectares, não foi apenas a indústria de celulose que investiu em florestas. As siderúrgicas tiveram papel fundamental para evolução do setor florestal e ainda são importante motor do crescimento na região.

Conforme Cornacchioni, além da celulose, painéis e compensados têm movimentado o setor de base florestal no país e puxado o valor bruto da produção (VBP). No ano passado, o VBP alcançou R$ 56,3 bilhões, com alta de 4,6% na comparação anual. A área plantada total de eucalipto e pinus, por sua vez, avançou 2,2% no Brasil, somando 6,66 milhões de hectares.

Individualmente, a indústria de celulose é a maior consumidora da madeira de florestas plantadas no Brasil, com fatia de 35,2% no ano passado. O grupo que reúne carvão vegetal, lenha e outros, por sua vez, respondeu por uma parcela de 38,7%.

Para o diretor da Abraf, chama a atenção o fato de a área de plantios florestais no país ter crescido 2,2%, no ano passado, ao mesmo tempo em que o consumo de madeira em tora mostrou expansão de 7,2%, para 182,4 milhões de metros cúbicos. "De um lado, a crise mundial segura alguns projetos", explicou Cornacchioni. "De outro, há questões internas sobre as quais é preciso avançar". Um dos pontos a que se refere o executivo é a ausência de uma política para o setor, que contemple mecanismos de estímulo.



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