sexta-feira, 26 de julho de 2013

Comissão da Câmara aprova compra de terras por estrangeiros

O texto propõe que empresas brasileiras com capital estrangeiro sejam tratadas como empresas nacionais, sem limite para aquisição de terras


A proposta também dispensa autorização ou licença do Incra para aquisição de imóveis rurais de até quatro módulos fiscais

Brasília – A Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados aprovou no ultimo dia 13/06 o relatório que permite a aquisição de grandes extensões de terras por empresas brasileiras controladas por estrangeiros. O limite atual é de até 100 módulos ficais. O relatório substitutivo do deputado Marcos Montes (PSD-MG) foi aprovado há três semanas na subcomissão criada para tratar do assunto.
O texto propõe que empresas brasileiras com capital estrangeiro sejam tratadas como empresas nacionais, sem limite para aquisição de terras. As empresas e pessoas físicas estrangeiras, que atualmente têm limite de aquisição de 100 e 50 módulos fiscais, respectivamente, passam a poder adquirir até um quarto da área do município onde se encontra a propriedade rural.

A proposta também dispensa autorização ou licença do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para aquisição por estrangeiros de imóveis rurais de até quatro módulos fiscais e arrendamento de até dez módulos fiscais. A legislação atual estabelecia o limite de até três módulos de exploração indefinida.

A aquisição de terras por organizações não governamentais (ONGs) com capital estrangeiro ou sede fora do Brasil, que não é mencionada na legislação atual, é vedada na nova proposta. Com a aprovação, o relatório será transformado em projeto de lei e distribuído para análise de outras comissões para, então, ser votado no Congresso Nacional.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Celulose leva o plantio de eucalipto para interior

  

Na esteira do mapa de expansão da indústria de celulose, o plantio de pinus e sobretudo de eucalipto está avançando para o interior do Brasil e ganhando terreno nas regiões Centro-Oeste e Norte. Em poucos anos, Mato Grosso do Sul deve encostar em produtores tradicionais, como Bahia e São Paulo. Tocantins e Maranhão, que ainda não aparecem entre os Estados com maior área plantada, prometem subir algumas posições no ranking, à medida que novas fábricas entrem em operação.

Foi sobretudo a disponibilidade de terras nessas regiões que atraiu grandes grupos, desde produtores tradicionais, como Suzano Papel e Celulose, a novos investidores, entre eles a J&F Investimentos, da JBS, e o grupo GMR, da Braxcel. E o eucalipto, matéria-prima para a produção de celulose de fibra curta, subiu o Brasil e seguiu a rota de outros insumos agrícolas, que encontraram uma nova fronteira no chamado Mapito (Maranhão, Piauí, Tocantins).

De acordo com o diretor-executivo da Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (Abraf), Luiz Cornacchioni, o Mato Grosso do Sul é destaque de crescimento já há alguns anos. Em 2012, a taxa de expansão chegou a 25%, para 597,1 mil hectares de plantio - considerando-se eucalipto e pinus, que respondia por menos de 10 mil hectares. "Há plantio em 16 Estados, mas Mato Grosso do Sul é o que mais cresce", observou. "Tocantins também avançou nos últimos quatro anos", completou.

Em Mato Grosso do Sul, o quarto colocado em área plantada de eucalipto e o sexto no ranking que considera também o plantio de pinus, há hoje duas fábricas de celulose em operação, da Fibria e da Eldorado Brasil Celulose. No futuro, ambas as companhias pretendem ampliar a produção, o que exigirá ainda mais florestas plantadas.

Em Tocantins, o 11º Estado no ranking geral, a Braxcel planeja instalar sua primeira unidade fabril, com operação prevista para o fim da década. E, no Maranhão, 9º colocado e onde já havia alguma atividade florestal, a Suzano Papel e Celulose se prepara para inaugurar uma fábrica em novembro. Cada unidade dessas, com capacidade para 1,5 milhão de toneladas por ano, exige mais de 100 mil hectares plantados de eucalipto. Portanto, é natural que a indústria se mova para regiões onde há terra disponível para o plantio.

Em Minas Gerais, líder em área plantada de eucalipto com quase 1,5 milhão de hectares, não foi apenas a indústria de celulose que investiu em florestas. As siderúrgicas tiveram papel fundamental para evolução do setor florestal e ainda são importante motor do crescimento na região.

Conforme Cornacchioni, além da celulose, painéis e compensados têm movimentado o setor de base florestal no país e puxado o valor bruto da produção (VBP). No ano passado, o VBP alcançou R$ 56,3 bilhões, com alta de 4,6% na comparação anual. A área plantada total de eucalipto e pinus, por sua vez, avançou 2,2% no Brasil, somando 6,66 milhões de hectares.

Individualmente, a indústria de celulose é a maior consumidora da madeira de florestas plantadas no Brasil, com fatia de 35,2% no ano passado. O grupo que reúne carvão vegetal, lenha e outros, por sua vez, respondeu por uma parcela de 38,7%.

Para o diretor da Abraf, chama a atenção o fato de a área de plantios florestais no país ter crescido 2,2%, no ano passado, ao mesmo tempo em que o consumo de madeira em tora mostrou expansão de 7,2%, para 182,4 milhões de metros cúbicos. "De um lado, a crise mundial segura alguns projetos", explicou Cornacchioni. "De outro, há questões internas sobre as quais é preciso avançar". Um dos pontos a que se refere o executivo é a ausência de uma política para o setor, que contemple mecanismos de estímulo.



sábado, 1 de junho de 2013

Compra de terras, continua sendo bom negocio?

Impulsionados pelas boas cifras do agronegócio, muitas pessoas físicas e jurídicas, além de empresas estrangeiras se lançam as compras de propriedades rurais com o intuito, claro, de bons negócios e resultados. Embora o momento seja propicio para novas aquisições de terras, alguns especialistas recomendam cautela: antes de investir em um imóvel rural, deve-se pensar na gestão adequada dessa atividade econômica e nos passos adequados a seguir, para evitar transtornos futuros.



Depois da certeza de que se está investindo em um negócio no qual o lucro não é tão rápido ou fácil - ou até mesmo complexo - as pessoas ou empresas que não são da área ou não tem expertise no ramo devem procurar um agrônomo, consultor, corretor ou uma equipe capacitada para poderem ter um apoio mais seguro no negocio. Esse auxílio servirá para compreender o que pode ser produzido em uma terra e o potencial de ganhos da atividade, entre outras orientações técnicas dadas por esses profissionais. 

Veja bem: A sociedade brasileira como um todo tem se beneficiado de várias maneiras do desempenho que o agronegócio vem se apresentando ao longo dos últimos anos. Sua produtividade vem crescendo rapidamente e as reduções de custo de produção têm sido repassadas ao consumidor na forma de preços mais acessíveis. Com isso, o poder aquisitivo das camadas mais pobres da população vem aumentando significativamente, criando, assim, espaço para uma ampliação e diversificação do seu consumo e o interesse de compra por terras brasileiras.

Apesar de - ou talvez devido a – esse excelente desempenho do ponto de vista da sociedade em geral, o agronegócio vem sendo vítima de crises cíclicas que demandam injeções de novos recursos e renegociação das dívidas em vencimento; ou seja, configura-se o caso de um setor sem sustentabilidade econômica. A questão comporta diagnóstico em dois níveis: macroeconômico e setorial.

De acordo com Geraldo Sant’Ana de Camargo do Centro de Estudo Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) do ponto de vista macroeconômico, o setor está submetido a duas dificuldades: o mercado interno evolui muito lentamente para que absorva a produção crescente do agronegócio sem quedas acentuadas de preço. O mercado externo tem sido em geral favorável – garantindo rentabilidade temporária; porém os saldos comerciais após algum tempo tendem a valorizar demasiadamente a moeda nacional, com conseqüente rebaixamento de preços internos. Ao mesmo acelera-se o processo de concentração tanto a jusante como a montante da agropecuária, fenômeno que pode propiciar incremento de margens com prejuízo ao produtor. Enfim, o agronegócio flutua ao sabor dos ciclos internos e externos, alternando momentos de euforia e de depressão. 

Preço
Segundo o consultor imobiliário rural José Júnior de Balsas/Ma, o preço das propriedades acaba sendo um dos maiores atrativos paras as compras. Terras muito baratas, na região conhecida como Mapito (Maranhão, Piauí e Tocantins), normalmente tem grande potencial de produção agrícola ou ainda precisam de grandes investimentos para desenvolvimento das áreas nuas. “Geralmente o pessoal vende pequenas glebas de terras bruta no sul, sudeste ou centro-oeste do país e compram enormes hectares de áreas por aqui, algumas partes já abertas ou em exploração" ressalta o consultor.

Empresas multinacionais normalmente usam estratégias de ganhos com a produção agrícola, além de ganhos de capital com a venda das propriedades, dessa forma são consideradas especuladoras no mercado de terras, como é o caso da Empresa BrasilAgro, que tem como acionistas a Argentina Cresud e a Norte Americana JP Morgan Whitefriars "Recentemente a BrasilAgro vendeu fazendas no Piauí e no Maranhão, no caso da Fazenda Horizontina em Tasso Fragoso, ela foi comprada em abril de 2010 por R$ 37,7 milhões e vendida em setembro de 2012 por R$ 75 milhões, ou seja, um lucro de praticamente 100% dentro de dois anos e meio" explica José Júnior.

Produtividade
Outro motivo para a expansão dos negócios, por meio da aquisição de novas terras, é o potencial das propriedades existentes. Na compra de mais terras, os produtores devem considerar os aspectos que aumentam a produtividade na agricultura: agricultura de precisão (uso preciso de recursos na propriedade por meio de tecnologia), irrigação, logística e armazenagem. "A produtividade média hoje na região do Mapito é ótima, mesmo sem tanta tecnologia como em outras regiões, um produtor de pequeno/médio porte, levando em consideração vários fatores a favor, entre eles a pluviosidade e a mão de obra, o agricultor em geral consegue, por exemplo, uma média de 55/60 sacos de soja por hectare, uma nota excelente em relação à mediana nacional" conclui o consultor. Atualmente o setor utiliza de novas técnicas e tecnologia avançada que multiplica muito a produtividade e impulsiona o crescimento no país.

O Brasil é beneficiado com grande numero de terras férteis, chuvas regulares o ano todo, energia solar abundante, quase 13% de toda a água doce disponível no planeta, 22% das terras agricultáveis, elevada tecnologia e investimentos, ou seja, tudo isso colabora para um alto numero natural de produtividade nas lavouras.

PIB
O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro no primeiro trimestre de 2013 ficou abaixo do esperado se não fosse o bom desempenho do agronegócio, teria sido pior. Do campo, veio a boa notícia: a produção de soja aumentou e ajudou o setor agropecuário a bater um recorde. O crescimento do setor foi o maior desde 1998 (+9,7%).

O Brasil apresenta índices de desenvolvimento agrícola acima da média mundial, de acordo com o estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), feito em 2011. O País também lidera a produtividade agrícola na América Latina e Caribe e tem crescimento médio de 3,6% ao ano.

Estimativas apontam que o Brasil será o maior país agrícola do mundo antes do final da década. A agricultura no país é, historicamente, umas das principais bases da economia, hoje o agronegócio corresponde cerca de 20% do PIB. O setor foi decisivo pela colocação do Brasil entre as principais economias do mundo.  

Desafios
A falta de infra-estrutura logística, em especial a malha rodoviária, restringe a competitividade da economia. Incapaz de resolver o problema sozinho, o governo busca o apoio de investidores privados.

Serão investidos por volta de R$ 15 bilhões em mais ou menos 25 projetos de reformas em rodovias, ferrovias, portos e hidrovias nos próximos anos. Em paralelo, os Programas de Aceleração do Crescimento (PAC 1 e 2) prevêem investimentos em logística superiores a R$ 160 bilhões. Estão em construção ou projeto rodovias, ferrovias e portos. A maioria em áreas distantes dos grandes centros populacionais, nas regiões Centro-Oeste e Norte. O objetivo, em grande parte, é dar competitividade e fluidez às exportações.

TEGRAM
Um dos portos que estão dentro desses projetos publico-privados e que é considerado um dos principais do País por sua localização privilegiada, é o do Itaqui, situado em São Luis no Maranhão. O Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram) deve iniciar as suas operações no final de 2013 e escoar até 11% da produção agrícola do país, em especial a produção das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste uma alternativa para os produtos de estados como Tocantins, Pará, Mato Grosso, Bahia e Piauí, além claro de todo o estado do Maranhão. Segundo a Empresa Maranhense de Administração Portuária, que administra o porto, a meta é que o porto movimente cinco milhões de toneladas de soja, milho e farelo a partir da sua inauguração, o dobro do registrado hoje. Para os próximos anos, a idéia é ainda mais ousada: até 2019, espera-se atingir uma movimentação de cerca de 15 milhões de toneladas de grãos anualmente.