quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Floresta plantada ou reflorestamento?

No agronegócio brasileiro a maior parte das árvores plantadas é de eucalipto que é uma espécie originária da Austrália. Foi empregado aqui a princípio para produzir lenha e carvão, para a utilização em ferrovias, embora ainda seja utilizada para produção de lenha e carvão vegetal, existem outras explorações também utilizadas, como a produção de celulose, chapa de madeira, madeira serrada e pellets (um tipo de biomassa que gera energia renovável).

A área plantada com arvores no Brasil tem como seus principais agentes as empresas de papel e celulose, empresas siderúrgicas, empresas de produtos madeireiros, governo estadual (através de seus institutos florestais) e pequenos produtores.

Nosso país apresenta uma das maiores produtividades mundial no crescimento das florestas, entre 45 e 50 st/ha/ano (st=1 m³ de madeira roliça / ha=10.000 m² de área), fazendo disso uma grande vantagem para a indústria de celulose, por exemplo. As árvores crescem mais rápidas e se maturam mais cedo no Brasil, é possível colher uma árvore para produzir celulose aos 7 anos, enquanto na Suécia e na Finlândia esse tempo é, no mínimo, de 35 anos.

Grande parte dos plantios de florestas de eucalipto no Brasil concentram-se nas regiões sul e sudeste em estados como Minas Gerais e Paraná. Porém, o alto preço das terras nessas regiões tem feito que muitos investimentos tenham sido redirecionados para o centro-oeste, norte e nordeste, com destaque para o Mato Grosso do Sul que já possui a maior área plantada com eucalipto e Maranhão com a segunda maior. “no Tocantins a estimativa é atingir 600 mil hectares plantados até 2016, isso é quase três vezes mais do que possui o Maranhão hoje” diz o consultor rural José Júnior.

Geralmente as terras mais procuradas para a silvicultura são áreas ociosas (desativadas), áreas que antes eram pasto ou foram desmatadas e abandonadas e com baixo valor de mercado por conta do estado em que se encontram. Essas áreas não servem para agricultura em alta escala, pois comumente são terras com muitas ondulações ou as chamadas “baixões” que não cabe mecanização.  

Reflorestamento
A palavra do momento no agronegócio é reflorestamento, muitas empresas e corretores buscam áreas para esse fim especifico, porém poucos sabem o real significado dela. Nenhuma monocultura substitui uma vegetação nativa, quando se diz reflorestamento de eucalipto são quilômetros de árvores idênticas, isso não readquire a fauna e a flora do bioma desmatado, dessa forma não há chances de recuperação da biodiversidade original. “Em um bioma como o cerrado onde existem mais de 10 mil espécies de plantas, não é possível reflorestar uma área com apenas uma espécie, é necessário para que haja o reflorestamento, a implantação das espécies originais da área desmatada” explica o ativista ambiental Pedro Paulo.

Deve-se considerar que as florestas plantadas para fins comerciais, mais conhecidas como “reflorestamento” de eucalipto, serão desmatadas quando atingirem o ponto de colheita. Depois de cortadas, crescerão novamente para serem cortadas outra vez. No caso dos reflorestamentos isso não acontece, pois o foco é a continuidade da floresta e a formação do seu ecossistema original.

Reflorestar significa replantar, com certeza existem pontos positivos e negativos para essa ação no meio ambiente e sociedade. As transformações sociais e culturais geradas pelo avanço das plantações de eucalipto ou qualquer outra monocultura em alta escala gera impactos socioambiental evidente, afeta diretamente o produtor de subsistência (agricultura familiar), recursos hídricos, fauna e flora da região.

Alternativas
Para o consultor rural da Mapito Empreendimentos Imobiliários algumas medidas podem ser tomadas para minimizar os conflitos e polêmica gerada entre ambientalistas, produtores, empresas e sociedade em geral por contra das grandes glebas de terra formadas por monoculturas que se expande por todas as regiões do país.

Uma das opções proposta pelo consultor seria a integração entre agricultura, pecuária e floresta onde diminuiria os impactos ambientais e primaria à diluição de riscos, tanto os financeiros, como os operacionais. “Colocamos essa opção aos nossos clientes e alguns deles já têm tomado tais medidas, pois tentamos passar a ideia de não só apenas obter resultados e lucros, mais também fazer um papel social mais sustentável e responsável”.

Plantar florestas é bastante lucrativo, porém, o retorno do capital é alto (7 anos). Em culturas anuais como soja, milho e arroz, isto se reduz a 6 meses, que é o prazo de seu ciclo vegetativo. Na pecuária, tanto a de corte como a leiteira, no geral o investimento é menor e os lucros também. “a rotação nas culturas pode ajudar nesse processo, citando como exemplo uma área de 10.000 ha de cerrado, onde pode ser explorado 65% e 35% é de reserva obrigatória, sugerimos uma divisão com 3.500 de grãos, 1.500 de floresta e 1.000 para pecuária, nas próximas safras a área de pecuária poderá se transformar em agricultura, a área de grãos poderá ser reduzida e virá floresta ou poderá ainda abrir novas áreas para outras culturas, enfim, isso tudo agregará mais valor ao imóvel” finaliza o consultor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário