quarta-feira, 27 de julho de 2011

Potencial eólico do país supera o hidrelétrico

Em menos de uma década, a energia que vem dos ventos conquistou espaço no mercado brasileiro, atraiu investimentos bilionários e tem hoje potencial superior ao hidrelétrico. Levantamento inédito da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), com base nas informações recebidas pelas empresas, está redimensionando de 143 gigawatts (GW) para pelo menos 300 GW o potencial de geração de energia eólica no país. No caso da hidreletricidade são estimados 261 GW.
Os dados farão parte de um sistema que já está pronto, mas que só deve se tornar público no fim do ano. A ideia é garantir ao mercado o maior número de informações sobre os ventos e as localidades de maior incidência em tempo real, segundo o presidente da EPE, Mauricio Tolmasquim.

É atrás desses bons ventos que grandes multinacionais estão desembarcando no país. O Brasil tornou-se o 12ª mercado mais atraente do mundo para negócios em energia renovável e pode subir para a 10ª posição até o fim deste ano, no ranking da Ernst & Young Terco para 35 países, segundo antecipou o sócio da área de transações da consultoria, Luiz Claudio Campos.
- Esta é a melhor posição que o Brasil já atingiu no ranking, que não inclui as hidrelétricas por não considerá-las tão verdes - disse.
A China se mantém na liderança, sendo seguida dos Estados Unidos.
As companhias do setor já não esperam nem sequer os leilões realizados pelo governo e começaram, este ano, a negociar energia eólica no mercado livre, o que também é inédito. É o caso da belga Tractebel Energia. A Eletrosul, que deve aumentar de 15 para 45 torres o número de aerogeradores - como são chamados os imensos ventiladores que produzem energia eólica - no parque de Cerro Chato, no Rio Grande do Sul, se prepara para entrar no mercado livre também.
O diretor de Engenharia e Operação da Eletrosul, Ronaldo Custódio, diz que, neste momento, todos os esforços da companhia estão concentrados no leilão que será realizado nos dias 17 e 18 de agosto.
- Estamos inscritos com 120 MW. Já estamos nos formatando para o mercado livre depois do leilão - afirmou o diretor, lembrando que, em breve, a empresa poderá exportar energia para o Uruguai a partir de acordo negociado entre os governos brasileiro e uruguaio.
Só em 2011 o Brasil está recebendo R$100 milhões em duas novas fábricas de equipamentos. Em outubro, a francesa Alstom inaugura a sua primeira fábrica no Brasil de aerogeradores. A planta ficará no polo de Camaçari, na Bahia. O investimento de R$50 milhões tem por objetivo marcar espaço num mercado que cresce a olhos vistos, enquanto o europeu, que ainda luta para vencer a crise econômica, parece ter arrefecido.
- É um mercado muito promissor e com alto potencial. Inicialmente, a fábrica está dimensionada para produzir 300 MW/ano. A ideia é atender ao Brasil, que ficará com dois terços do total, e alguns países da América Latina - afirmou Marcos Costa, vice-presidente do setor Power na Alstom Brasil e América Latina.
Há duas semanas, a espanhola Gamesa também inaugurou sua primeira fábrica no país, no polo de Camaçari. Um investimento de R$50 milhões com capacidade de 400 MW/ano, a unidade vai produzir equipamentos com 40% de conteúdo nacional, conforme negociado com o BNDES. A expectativa da empresa é ter um índice de nacionalização de 50% em 2012 e de 60% em 2013.
Até 2013, o país receberá nada menos que R$25 bilhões em novos recursos para a energia eólica. Este é o valor que já está contratado. Ou seja, ainda não considera os projetos do próximo leilão. Segundo Tolmasquim, o país parte de uma capacidade instalada de praticamente zero em 2003 para mais de 11 GW em 2020.
Ele explica que a revisão do potencial do país de 143 GW, como está no Atlas Eólico Brasileiro de 2001, para 300 GW se dará pelas novas tecnologias (as torres, que há até pouco tempo tinham 50 metros, agora têm 100 metros de altura), a qualidade das informações e do próprio vento brasileiro.
Outra vantagem do mercado brasileiro, segundo Tolmasquim, é o fato de a energia eólica aqui não ser subsidiada, diferentemente de alguns países europeus como Espanha e Portugal:
- O valor que está se formando é compatível com o mercado. Não é artificial como em outros países. Hoje, a energia eólica é mais cara que a hídrica, mas está no mesmo nível da térmica.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Bunge inaugura 1ª usina de açúcar e bioenergia do TO

A Bunge estará inaugurando oficialmente, sua primeira usina de açúcar e bioenergia no Tocantins, no município de Pedro Afonso, na próxima quinta-feira, 21 de julho, a partir das 11h30. A unidade, que recebeu investimentos de R$ 600 milhões, é a primeira greenfield (projetada e construída a partir de uma área livre) da Bunge e a oitava usina produtora de açúcar e bioenergia da empresa, que já atua no setor em Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo. A trading japonesa Itochu é sócia no empreendimento, com 20% do capital. A usina de Pedro Afonso vai operar totalmente dentro dos conceitos da tripla sustentabilidade – social ambiental e econômica, e amplia a oferta de empregos qualificados na região. 

O secretário da Agricultura, da Pecuária e do Desenvolvimento Agrário do Tocantins, Jaime Café, vê com muito otimismo a chegada de novos investimentos voltados à agregação de valor à produção primária para o Estado. “O desenvolvimento do Tocantins está diretamente ligado ao desenvolvimento do setor produtivo, que tem demonstrado sua força e projeção de crescimento. E a evidência disso é o interesse da iniciativa privada em investir no nosso Estado”, afirmou o secretário, referindo-se a instalação da Bunge em Pedro Afonso. 

Segundo ele, é uma tendência natural que nos próximos anos o Tocantins tenha uma área de pastagem menor, em razão do crescimento das lavouras de grãos e de cana-de-açúcar. “A instalação de uma empresa do porte da Bunge em nosso Estado mostra que temos potencial para crescer e, principalmente, que podemos potencializar nossa produção sem aumentar a área desmatada, através do emprego de tecnologia”, avaliou o secretário. 

O evento contará com a presença do presidente e CEO da Bunge Brasil, Pedro Parente, do Governador do Estado de Tocantins, José Wilson Siqueira Campos. 

terça-feira, 19 de julho de 2011

Propriedade de terras por estrangeiros

O País carece de um sistema de informações confiável sobre sua base fundiária, principalmente, no caso, no que diz respeito à propriedade de terras por estrangeiros. Trata-se de uma base cadastral que ofereça transparência a essas propriedades, sem nenhum preconceito, por exemplo, contra empresas brasileiras de capital estrangeiro. Isso vale para minérios, silvicultura, agricultura e pecuária. A regra aqui é a transparência, a predominância do público.

Os investimentos estrangeiros devem ser distinguidos entre interesses propriamente produtivos e interesses especulativos, apostando estes últimos apenas no preço das terras, sem nenhuma preocupação quanto ao seu uso. Uns devem ser incentivados, os outros, restringidos.

Empresas brasileiras de capital estrangeiro devem ser distinguidas de empresas estrangeiras de propriedade estatal, pois, neste caso, elas tendem a fazer o jogo dos interesses de seus países de origem, investindo de acordo com os interesses de outros Estados. Aqui poderia surgir um problema de soberania nacional.

Talvez se deva igualmente pensar num tratamento diferenciado para empresas dos países do Mercosul e, de modo mais geral, da América do Sul, favorecendo a integração do continente, dada a natural liderança do País, por sua extensão territorial e sua pujança. Se o País aspira a uma grande cooperação sul-americana, mecanismos devem ser criados de favorecimento aos investimentos empresariais, sem distinção da origem dos capitais.

Deve ser descartada a ideia, como teria sido cogitado, de o Estado brasileiro ter uma golden share, uma participação acionária nessas empresas com direito a veto, pois tal mecanismo seria uma ingerência governamental no funcionamento delas, podendo ditar seus rumos. O Estado invadiria esse setor privado, burocratizando suas decisões. Imaginem o tipo de negociação que poderia ter lugar.

Poderia ser estabelecido o princípio da reciprocidade, aliás, vigente nas relações internacionais. O Brasil daria a empresas estrangeiras o mesmo tratamento que as empresas brasileiras recebem nos países onde investem. Por exemplo, um país que imponha restrições ao investimento estrangeiro receberia o mesmo tratamento aqui, não podendo ter a expectativa de tratamento diferente. Exceções seriam tratadas como tais, em função do interesse nacional.

A proposta de criação de um Conselho Nacional de Terras (Conater), que estaria sendo cogitado pelo governo. Seria o órgão encarregado de implementar essa política, segundo critérios claros, técnicos, sem nenhuma conotação ideológica contra o capital estrangeiro. É fundamental, por exemplo, que vários Ministérios nele estejam representados, como Casa Civil, Agricultura, Desenvolvimento Agrário, Defesa, Planejamento, Desenvolvimento econômico e Justiça. Agilidade e rapidez são fundamentais, pois uma empresa não pode ficar esperando indefinidamente uma resposta, o que pode ser um sério entrave para o desenvolvimento nacional.

Regras e mecanismos claros devem tomar o lugar da insegurança jurídica.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Grupo chinês na Bahia

O grupo Chong Qing vai implantar uma indústria de processamento de soja na cidade de Barreiras, no oeste baiano. Serão investidos cerca de R$ 4 bilhões no empreendimento, que dever ser concluído em menos de três anos. O grupo, formado por 53 empresas, é originário da cidade de Chong Qing, na China, uma das províncias mais industrializadas do país.

A prefeitura do município doou uma área de cem hectares, onde será construído o empreendimento.

Em reunião na cidade de Barreiras, na Bahia, o grupo acertou os últimos detalhes para a implantação do empreendimento, que deverá ser a maior indústria de processamento de soja no Brasil. A alta produtividade de grãos do oeste baiano e a oferta de matéria prima foram os grandes atrativos para o grupo.

A fábrica terá capacidade de armazenamento de 400 mil toneladas de grãos, beneficiamento de 1,5 milhão de toneladas de soja e refinamento de 300 mil toneladas de óleo e deverá atender também as cidades do Piauí e Maranhão.