A indefinição sobre as regras para a aquisição de terras por estrangeiros no Brasil ajudou a conter o ritmo forte de alta nos preços dos imóveis rurais. Em algumas regiões houve estagnação e, pontualmente, até retração de valores, sobretudo nos "grandes" negócios em áreas maiores, acima de 3 mil hectares. No entanto, apesar desse movimento, o saldo geral em 2011 ainda é de valorização, puxada pelos negócios dos clientes tradicionais desse mercado: produtores rurais capitalizados após safra de boa rentabilidade.
Quem sustentou a compra e a venda de terra no país em 2011 foi a clientela tradicional, sobretudo produtores de soja, milho, algodão e cana mais capitalizados com os preços mais elevados dessas commodities. "É cultural no produtor, em ano de boa rentabilidade, comprar terra como reserva de valor", diz Aloisio Feres Barinotti, CEO da Commercial Properties..
A Informa Economics FNP, que faz um levantamento que considera, em sua maior parte, áreas menores de 2 mil hectares, verificou no acumulado de 2011 um aumento nos preços das terras acima de 5%, segundo a gerente de agroenergia da consultoria, Jacqueline Bierhals. Ela observa, porém, que de fato os grandes negócios perderam liquidez e que a maior parte das operações ocorreu mesmo em áreas inferiores a 2 mil hectares. "O ano de 2011 não está paralisado, mas a liquidez está mediana. Os produtores rurais locais é que estão fechando negócios".
De olho nisso, companhias como a SLC Agrícola estão aproveitando o recuo da "concorrência" no mercado de terras para ir às compras. Em menos de dois meses, a SLC anunciou a aquisição de duas fazendas no Piauí e negocia com uma terceira, em Mato Grosso. Em 6 de setembro, informou a compra de 13,812 mil hectares por R$ 68,581 milhões, e em 21 de outubro, a aquisição de 12.936 hectares, por R$ 47,335 milhões, ambas no Piauí. "A fazenda em Mato Grosso que estamos negociando é ainda maior, tem 29 mil hectares", afirma diretor-presidente da SLC Agrícola, Arlindo Moura. Para ele, não houve estagnação ou redução dos preços nas áreas rurais de maior porte. "O que eu senti é que não subiu tanto, pelo menos no ritmo que vinha no ano passado. Mas após essa definição jurídica, certamente os preços vão explodir", acredita.